Viagem a Aparados da Serra, Brazil com Letícia Betezek

Letícia Betezek é um estudante de graduação estudar geologia na Universidade Federal do Paraná, em Curitiba, Brasil.

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A região chamada de Aparados da Serra, destino principal da viagem, se localiza na divisa dos municípios de Cambará do Sul – Rio Grande do Sul e Praia Grande – Santa Catarina, Brasil. Nela, se encontram duas unidades de conservação, o Parque Nacional Serra Geral e o Parque Nacional Aparados da Serra. O roteiro da viagem durou 5 dias e foram percorridos cerca de 1400 quilômetros (contando os trechos de ida e de volta) de carro, saindo do município de Curitiba – Paraná.

Essa porção do território do Rio Grande do Sul detém um dos maiores agrupamentos de Cânions do Brasil, os quais possuem uma beleza inimaginável. Na região ocorre a Formação Serra Geral, que pode ser associada à separação Gondwânica – um dos maiores episódios magmáticos da história da Terra. Nela, pode-se evidenciar derrames vulcânicos de idade Cretácea, os quais chegam à 1.500 metros de espessura.

Nos Aparados da Serra, a Formação Serra Geral foi esculpida pela ação de rios, que erodiram continuamente as rochas locais de composições riolitícas e riodacíticas, dando origem à tão consagrada concentração de Cânions da região Sul do Brasil.

No primeiro dia da viagem pernoitamos na região de Criciúma – Santa Catarina, e pegamos a estrada na manhã seguinte até atingirmos Cambará do Sul. Chegando na cidade destino, infelizmente o tempo encontrava-se instável, o que nos obrigou a esperar para prosseguir com o roteiro. Felizmente, tivemos sorte e o tempo melhorou na manhã subsequente, viabilizando o resto da viagem.

O primeiro ponto alto da viagem foi, sem dúvidas, o Cânion Fortaleza. Percorremos aproximadamente 18 quilômetros de estrada asfaltada e 5 quilômetros de estrada de chão até alcançar a entrada do Parque Nacional Serra Geral. No percurso, o contato com a natureza foi intenso, de modo que nos inserimos no bioma da Mata Atlântica e presenciamos, além da flora, diversos representantes da fauna, desde pássaros, até uma pequena raposa que nos acompanhou durante o trajeto.

Figura 1: Fortaleza Canyon from above by Google Earth

Fortaleza Canyon from above by Google Earth

Figura 3: Small fox who fallowed us on the trail

Small fox who fallowed us on the trail

Ao adentrar no Parque, percorremos a trilha principal que leva ao ponto mais alto do Cânion Fortaleza, que dura em média uma hora. Atingindo o cume, pôde-se ter noção da magnitude dos paredões que fazem parte da geomorfologia local: foi como se sentir insignificante, perante algo tão grande e tão belo.

Fortaleza Canyon

Fortaleza Canyon

Fortaleza Canyon

Fortaleza Canyon

Fortaleza Canyon

Fortaleza Canyon

Fortaleza Canyon

Fortaleza Canyon

Fortaleza Canyon

Fortaleza Canyon

Localizado a uma altitude de 1.150 metros e com uma fenda de 800 metros de altura, o Cânion Fortaleza detém encostas surpreendentemente regulares, com declives acentuados, possuindo talvegues profundos, em constante erosão pelo Rio da Pedra. Além disso, as quedas d’água que se formam no Cânion se somam à paisagem, colaborando para torná-la ainda mais extraordinária.

Fortaleza Canyon

Fortaleza Canyon

Me sitting on the edge of Fortaleza Canyon

Me sitting on the edge of Fortaleza Canyon

O segundo ponto visitado na road trip foi o Cânion Itaimbezinho, localizado no Parque Nacional Aparados da Serra, ao qual obtivemos acesso percorrendo 18 quilômetros de estrada de chão. O Itaimbezinho possui paredões de 720 metros de altura, um vale bem encaixado, com talvegues muito aprofundados, margens estreitas, vertentes com alto declive e uma beleza surreal!

Figura 14: Itaimbezinho Canyon from above by Google Earth

Figura 14: Itaimbezinho Canyon from above by Google Earth

Itaimbezinho Canyon

Itaimbezinho Canyon

Itaimbezinho Canyon

Itaimbezinho Canyon

Itaimbezinho Canyon

Itaimbezinho Canyon

As rochas que o compõem são vulcânicas, semelhantes às rochas do Cânion Fortaleza – assim como toda região dos Aparados da Serra – e a forma abrupta das suas vertentes dão a noção de que o Cânion Itaimbezinho possui paredões muito mais altos que o Cânion Fortaleza, o que não é a realidade. Seu relevo foi aprofundado pelo Rio Boi, que serpenteia os vales de uma forma única e infinitamente graciosa.

Admirar todo esse conjunto da paisagem nos tomou a tarde inteira e nos roubou incontáveis suspiros. No dia seguinte, com uma sensação de pequenez diante à magnitude da natureza, voltamos à Curitiba – Paraná. Definitivamente, momentos como esses me fazem agradecer por ter escolhido a Geologia, mesmo com tantas outras opções na vida.

Itaimbezinho Canyon

Itaimbezinho Canyon

Fortaleza Canyon

Fortaleza Canyon


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